quinta-feira, 7 de maio de 2009

Exageros sobre a Pandemia turbinam vendas da Roche




Exageros sobre pandemia servem turbinar vendas da Roche

Droga de eficácia contestada é apresentada como solução contra a gripe.

As duas multinacionais que têm seus produtos indicados pela OMS, Roche e Glaxo, 
estavam amargando perdas sucessivas de suas ações nas bolsas até que anúncio de 
epidemia no México fez com que estas dessem um salto positivo 

As ações da GlaxoSmithKline e da Roche, multinacionais produtoras de dois medica-mentos com eficácia contestada contra a gripe, deram um salto com o anúncio da epidemia no México. Na segunda-feira, dia 27, as ações da Glaxo subiram 6%, as da Roche Holding AG subiram 3,51% na bolsa de Zurich, onde são cotadas, depois de se conhecer que alguns governos estão incre-mentando suas reservas de antivirais, particularmente do Tamiflu.

As ações dessas empresas haviam amargado sucessivas perdas no marco da crise dos países centrais. No início de abril, nas bolsas, registravam perdas de entre 2,2% e 5,4% num só dia.

A subida das ações foi um dos aspectos dos ganhos obtidos pelos monopólios farmacêuticos com a anunciada ameaça de pandemia de gripe suína (ou do vírus H1N1 que, dizem, é um novo desenho genético que contém o vírus da influenza suína e aviária conjuntamente com a humana) e o correspondente clima de pânico criado pela mídia a respeito do mesmo.



OMS


Acontece que os anti-virais, que a Glaxo e Roche estão vendendo aos borbotões e são recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estão patenteados na maior parte do mundo e são propriedade das duas. O primeiro é o zanamivir, com nome comercial Relenza, comercializado pela GlaxoSmithKline; e o outro é o oseltamivir, cuja marca comercial é Tamiflu, patenteado pela Gilead Sciences, cujo dirigente e um dos maiores acionistas é o ex-secretário de Defesa de G.W. Bush, Donald Rumsfeld. O remédio está licenciado com exclusividade para a Roche, com Rumsfeld recebendo polpudas comissões por sua venda.

Glaxo e Roche são a segunda e quarta multina-cionais farmacêuticas em escala mundial e as epidemias são suas melhores chances de negócio, mesmo quando não existe na comunidade médica internacional nenhum consenso sobre a efetividade do uso desses medicamentos antivirais.

Sobre a propalada eficiência do Tamiflu e do Relenza numa eventual pandemia de gripe em humanos, a conceituada revista inglesa The Lancet publicou um trabalho em janeiro de 2006 assinalando que “nenhum desses medicamentos disponíveis contra a gripe produz efeitos demasiado benéficos. Há medidas simples de saúde pública mais úteis, como higiene e isolamento, que podem dar resultados mais satisfatórios para deter a disseminação da doença”.

Apesar de ocupar o centro do noticiário, a descrição dos efeitos do vírus está longe de ser científica e na verdade joga para confundir. Ocorre que foram assinalados 2. 498 casos de gripe, dos quais 1.311 foram hospitalizados com pneumonia e insuficiência respiratória, como informou o ministro de Saúde do México, José Angel Córdova Villalobos. Das 159 mortes - que a mídia alardeia como relacionados à gripe por ela denominada de “suína” – até agora, apenas em sete casos se confirmou a presença da influenza com a nova mutação virótica.

A Roche já havia incrementado substancialmente a produção do Tamiflu em 2005, depois que países asiáticos foram fortemente afetados pela gripe aviária entre 2002 e 2003 com a chamada Síndrome Respiratória Aguda (SARS), cujo combate incluiu a morte em massa de aves em diversos países. Na época, os EUA e a União Européia aumentaram sua demanda desse produto acima de 280%, segundo confirma o balanço financeiro da Roche de 2005. Em artigo de Jack Bowe, do Financial Times, de 18 de novembro de 2005, afirma-se que entre 2005 e 2006 o remédio Tamiflu teve vendas em torno de US$ 1 bilhão.



COMPRA


“O presidente do México, Felipe Calderón, em 20 de agosto de 2007, assistiu em Montebello, Canadá a uma reunião com o presidente George Bush e o chefe do governo canadense, Stephen Harper. Calderón ordenou então a compra de um milhão de doses de Tamiflu, que é a marca do medicamento em cuja comercialização estão misturados Ronald Rumsfeld [ver matéria nesta página], então secretário estadu-nidense de Defesa e Carlos Pascual, que tem no seu passado implicação na ‘revolução laranja’, da Ucrânia, na qual foi ajudado pelo staff de George Soros”, revelou Gastón Pardo, jornalista mexicano do site Red Voltaire.

Esses acordos assinados em Quebec, no Canadá, produziram um plano chamado “North American Plan for Avian & Pandemic Influenza.” Ou seja, para controlar fontes de influenza. http://www. freerepublic.com/focus 

“Uma estimativa dos recursos necessários para enfrentar essa doença está em torno dos três bilhões de dólares”, sublinhou reportagem de Samuel García na rede de televisão Telesul. Providencialmente, o laboratório Roche comunicou que têm disponíveis 3 milhões de dose de Tamiflu e que pode fabricar 400 milhões ao ano. 

Por SUSANA SANTOS