Grande imprensa e meios de comunicação em geral, ?ambientalistas? de todo tipo, figuras políticas e militares do velho Estado, enfim, todos discutem ávidamente um assunto: Amazônia. E, nesse contexto, sobretudo dois aspectos: a crescente e desenfreada devastação da floresta e a suposta ameaça à soberania da Amazônia brasileira. Os meios oficiais, como não poderia ser diferente, atacam com cada vez maior veemência os camponeses e pequenos madeireiros da região como os responsáveis pelo desmatamento e, quanto à soberania, tal polêmica veio à tona quando o general do Exército Augusto Heleno apontou a demarcação de terras indígenas como a grande ameaça à manutenção da Amazônia em mãos brasileiras.
O que é aparentemente ?consciência ecológica? e ?bravo nacionalismo? não passa, na realidade, de uma perversa cortina de fumaça voltada a desinformar o povo brasileiro a respeito dos reais interesses por trás desses discursos e de quais são os verdadeiros inimigos tanto da floresta como de resto de todo nosso país.
É notório que os maiores e únicos responsáveis pela devastação da floresta são, sobretudo, os grandes produtores de soja, os criadores de gado e as grandes madeireiras e mineradoras, muitas das quais transnacionais. Esses, os verdadeiros criminosos, são tratados pela mídia como ?empreendedores?, ?desenvolvimentistas? e recebem por parte do Estado todo tipo de auxílio, como no caso do governo de Rondônia que oferece isenção fiscal de dez anos para os produtores de cana que se instalarem na região. O governo FMI/Lula, que acaba de dispensar de licitação a venda de terras

Grande extensão da Floresta Amazônica desmatada públicas na região amazônica que tenham até 1500 hectares (medida aplaudida pelo agronegócio) já havia sancionado em 2006 a lei 11.284 que prevê o aluguel de 13 milhões de hectares da floresta, só nos primeiros dez anos, a fim de exploração de madeiras e outras ?atividades econômicas?. Ato que, ao mesmo tempo, favorece a devastação ainda maior daquela região e a desnacionalização de áreas inteiras da Amazônia em favor do capital monopolista transnacional. Sobre isso a ?opinião pública? não fala assim como não fala seriamente sobre a presença de cem mil ONG?s naquela área, financiadas por governos e fundações ianques e européias, que por trás do discurso de preservação e ?ecologismo? reeditam a política de controle colonial sobre aquela área, num contexto em que as imensuráveis riquezas das florestas tropicais servem de insumos para a poderosa indústria da biotecnologia e são reservas estratégicas de recursos hídricos e minerais.
O que deve ficar claro é que, do ponto de vista do povo brasileiro, do que se trata não é manter a soberania da Amazônia mas sim conquistá-la efetivamente como em todo o país. Qual o autêntico processo de independência nacional, verdadeiramente popular, pelo qual nosso país passou? A realidade é que o Brasil nunca viveu tal processo, apenas rearranjos entre as classes dominantes, transitando da condição de colônia para semicolônia, primeiro inglesa e hoje ianque principalmente. O Estado e sua espinha dorsal, o Exército, sempre favoreceram a rapina tranqüila das riquezas nacionais pelas potências estrangeiras enquanto asseguravam a mais brutal repressão quando o povo se levantava para combater esse saqueio. Essa condição de nação dependente, apoiada na estrutura interna de monopólio e concentração da terra, nunca se modificou. O imperialismo já explora furiosamente as reservas naturais da Amazônia, e há muito tempo. Só quem de fato pode defender a existência da soberania de nosso país é o seu povo e, sobretudo, os camponeses e populações indígenas das áreas mais acossadas pela sanha do capital monopolista. E é exatamente o legítimo direito dos povos indígenas à autodeterminação e dos camponeses à terra que foi e permanece negado pelo velho Estado reacionário brasileiro e todas as suas instituições.
Só a uma Revolução pode estabelecer uma autêntica independência nacional!
De 1985 a 2007 foram assassinados no Brasil, segundo dados da CPT, 1492 camponeses. A sanha repressiva do latifúndio, apoiado pelo velho Estado, ficou marcada recentemente por casos como a Batalha de Santa Elina, em Rondônia (1995) e Eldorado dos Carajás, Pará (1996) no qual 19 camponeses foram assassinados pela polícia militar. Tal ação repressiva vem acompanhada de campanhas da mídia no sentido de criminalizar a luta pela terra e apresentar as organizações camponesas como ?guerrilheiras?, ?narcotraficantes?, etc. como ano passado durante a ocupação da fazenda Forkilha e, agora em 2008, na série de reportagens da revista ?Isto é? contra a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia.
Devemos entender o recrudescimento da repressão no campo como sendo reflexo, por um lado, do acirramento das contradições internas do país (sobretudo a principal, que opõe camponeses pobres versus sistema latifundiário) e por outro da elevação do nível de consciência dos camponeses sob a direção revolucionária da Liga dos Camponeses Pobres, que no curso da luta avançam nas tarefas de tomar todas as terras do latifúndio, desenvolver novas relações de produção e estabelecer o poder político das massas organizadas. Evidente que tal movimento, que se desenrola com cada vez maior vigor, não pode deixar de pôr em tensão as forças reacionárias do velho Estado burguês latifundiário, serviçal do imperialismo.
E é sobretudo do desenvolvimento dessa luta que depende não apenas o futuro dos camponeses como do povo brasileiro em geral. Somente uma revolução democrática e nacional, pavimentada pela revolução agrária em curso, poderá construir uma autêntica independência nacional bem como estabelecer uma nova democracia. Sem Revolução de Nova Democracia ininterrupta ao Socialismo, sem poder político para as massas, falar em independência ou soberania não passa ou de reles enganação ou da mais pura ilusão.


Abaixo o domínio colonial da Amazônia!

texto de
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/07/450326.shtml